[RESENHA] RESSURREIÇÃO

Autor: Jason Mott
Nº de Páginas: 336 
Editora: Verus
Classificação: quatro estrelas (mais como esse)

Harold e Lucille Hargrave perderam o único filho, Jacob, morto tragicamente no dia em que completava oito anos, em 1966. Já na velhice, eles se acomodaram à vida sem o filho, a dor amenizada pela ação do tempo. Até que um dia Jacob reaparece misteriosamente na porta de casa, em carne e osso, a criança meiga e alegre que sempre fora, ainda com oito anos. O fenômeno é mundial — nos quatro cantos do globo, pessoas estão inexplicavelmente voltando do além para suas famílias. Vistos por alguns como coisa do diabo e por outros como um milagre, a realidade perturbadora é que o planeta, já sobrecarregado, agora precisa suportar um fluxo descomunal de seres que têm necessidades humanas: comida, água, abrigo, saneamento. Individualmente, muitos precisam decidir se estão dispostos a receber de volta os entes queridos que já não fazem mais parte de sua vida. Conforme o caos irrompe ao redor do mundo, a família Hargrave se vê no centro de uma comunidade prestes a ruir, forçada a encarar essa misteriosa nova realidade e um conflito de proporções épicas. Com sua prosa contida, elegante e intensa profundidade emocional, Jason Mott explora o melhor e o pior da natureza humana numa história inesquecível sobre amor, moral e fé.
Lucille e Harold Hargrave com certeza não são mais os mesmos que eram em 1966, isto era fato, mas parece que o filho deles, Jacob Hargrave, não se encaixava nessa regra. Ele estava lá, na porta de casa, como se estivesse preso àquele corpo de oito anos, como se não tivesse passado nenhum dia sequer após seu aniversário, o dia em que morreu. 
Sim, ele havia morrido em 1966 e agora estava vivo novamente, como isso poderia acontecer muitos anos depois de sua morte? Aliás, por que isto estava acontecendo? A ressurreição de Jacob pode parecer o mais estranho, porém não era só ali em Arcadia que esse fenômeno estava acontecendo, era algo mundial. 
Mas a memória não é assim mesmo? É só passar tempo bastante que ela se degasta e se encobre como uma pátina de omissões autocomplacentes.

página 38
Obviamente, tinham aquelas pessoas que ficaram super felizes (diziam que eles eram bençãos de Deus) ao reverem os entes queridos, mas ainda existem os que são contra os “ressurgidos”, o que piora muito a vida destes, principalmente após o estouro de manifestações e protestos violentos. 

Como deu para perceber, mundo está de cabeça pra baixo.
— Eles simplesmente não são pessoas — repetiu ela
— Bom, mas se não são pessoas, o que são? Vegetais? Minerais?
página 11
Vale ressaltar que os "ressurgidos" encontrados em Ressurreição não são nada parecidos com os comuns zumbis ou mortos-vivos encontrados em vários exemplos da cultura pop. Os ressurgidos não são zumbis — mortos-vivos, talvez —, porém, eles são exatamente (lembre-se: essa igualdade é física) iguais a como eram antes de morrerem. Eles não são os mesmo que morreram, é claro. Eles haviam morrido, mesmo que estas sombras lembrassem muito os falecidos.
— E não é porque alguém não entende bem o propósito e o significado de uma benção que ela se torna menor, não é?
página 77
Quando vemos um livro conter uma ótima história a ser desenvolvida, ficamos muitos desapontados quando ele não atinge nossas expectativas e... bem... Ressurreição não as atinge de jeito nenhum, embora as personagens sejam bem desenvolvidas e envolventes. 
Além de pecar quando não atinge nossas expectativas, ele traz uma estória muito parada, sem grandes acontecimentos e explicações da situação em geral... sim, quando acabamos a leitura do livro, não se fica um desapontamento com o desfecho devido ao fato  de ele satisfazer muito bem sua função inicial, que era, segundo o próprio autor, passar uma mensagem
Em uma visão mais ampla, Ressurreição é um livro que guarda literalmente uma mensagem em si, fala sobre lembranças, vida e morte e, embora eu tenha identificado algumas falhas, ainda o recomendo. 
O romance de estreia de Mott influenciou também a criação da série Ressurrection, que particularmente, nunca assisti. Foi publicado aqui pela Verus Editora com essa capa sensacional que traduz muito bem que está acontecendo ao mundo.

Escrito por Otávio Braga

Um comentário:

  1. Oi, Otávio.

    Ao ler a sinopse do livro e sua resenha não fiquei muito animada a ler o livro. Não gosto muito e livros parados e que o fim deixa a desejar. Ando numa preguiça enorme de ler. =/' E esse tipo de leitura só vai me deixar com mais preguiça. kkkkkk' Gostei das Quotes citadas, mas essa leitura eu irei passar.

    Visite: Paradise Bookss

    Beijos e até mais.

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