[RESENHA] SANGUE QUENTE

Autor: Isaac Marion
Nº de páginas: 214
Editora: LeYa 
Classificação: três estrelas (mais como esse)
R é um jovem vivendo uma crise existencial - ele é um zumbi. Perambula por uma América destruída pela guerra, colapso social e a fome voraz de seus companheiros mortos-vivos, mas ele busca mais do que sangue e cérebros. Ele consegue pronunciar apenas algumas sílabas, mas ele é profundo, cheio de pensamentos e saudade. Não tem recordações, nem identidade, nem pulso, mas ele tem sonhos. Após vivenciar as memórias de um adolescente enquanto devorava seu cérebro, R faz uma escolha inesperada, que começa com uma relação tensa, desajeitada e estranhamente doce com a namorada de sua vítima. Julie é uma explosão de cores na paisagem triste e cinzenta que envolve a "vida" de R e sua decisão de protegê-la irá transformar não só ele, mas também seus companheiros mortos-vivos, e talvez o mundo inteiro. Assustador, engraçado e surpreendentemente comovente, Sangue Quente fala sobre estar vivo, estando morto, e a tênue linha que os separa.
Não tem um livro que me fez ter mais pensamentos controversos que este.
Por quê? A ideia de um zumbi pensante, com problemas existenciais e que ainda se apaixona, que é o que vemos no filme (Meu Namorado é um Zumbi), pode até ser aceitável com uma certa quantidade e se olharmos com um olhar critico, mas tem pontos que Isaac Marion exagerou demais e ele esqueceu de esclarecer um pouco mais as coisas, SPOILER >> “coisas” estas como o mundo muito organizado para um zumbi. Têm escola, adotam “zumbizinhos”, casam, fazem “sexo”. ADOTAM “ZUMBIZINHOS!” << FIM DO SPOILER.
Bem, vamos ao enredo. O livro é narrado por R, um zumbi, que como já disse anteriormente, tem problemas existenciais, ele começa a se questionar do porquê das coisas, ele “solta” mais palavras do que os outros típico zumbis e já não bastasse isso ele se apaixona pela sua própria comida, e o alimento tem nome: Julie.
É assim: ele vai a procura de alimento, pois está com fome (obviamente), e acaba comendo o namorado de Julie, Perry, e após se alimentar do cérebro do namorado da moça ele vê todas as memórias destes e daí ele começa a se apaixonar por Julie (esta não é uma das melhores maneiras de conhecer uma garota, mas okay).
A partir deste momento um mudança começa a ocorrer com o R, e todos os zumbis que vivem no aeroporto e daí acontece muitas coisas que descamba em um acontecimento dos grandes e meio sem nexo no final.
Meses atrás eu havia assistido e resenhado o filme Meu Namorado é um Zumbi (por que diabos esse filme tem esse nome?) que é baseado no livro de Marion, e eu gostei muito do filme, pois ele tem um enredo aceitável junto a uma comicidade sempre presente no longa, mas no livro há menos a parte engraçada e foca mais em uma parte dramática, e bem profunda (está bem, nem tão profunda assim).
Percebe-se em vários momentos uma critica a sociedade e o mundo globalizado, mostrando que esta civilização é passível a ruína, quer dizer, frágil.
“Não precisou muito para se derrubar os castelos de cartas que era a civilização. Apenas algumas rajadas de ventos e estava feito, o equilíbrio estragado e o feitiço quebrado”
Outras duas “coisinhas” que me fizeram atentar a uma leitura mais crítica do livro foi, ou melhor, foram o fato do individualismo que estava meio explícito ali, pois em vários momentos, R introduzia um pensamento falando sobre que os zumbis viviam se encontrando, mas não havia aquele entrosamento, aquela “conversa”. O outro ponto que é bastante admirável foi que meio percebi uma pitada da teoria de Locke que o ser humano é uma “tabula rasa” que só a partir da convivência e das experiências, que coisas começam a serem “escritas” nesta tabula (psicologia everywhere!!)
“Será que fui construído a partir das fundações da minha antiga vida, ou levantei do túmulo como uma lousa em branco?”
A leitura foi algo bom. Encontrei uns poucos muitos errinhos. E a nota deste livro se deve exclusivamente porque houve coisas que não gostei no enredo.
Teria muitas coisas para falar deste livro, mas não quero confundir muito vocês aí, logo direi apenas isto.
Escrito por Otávio Braga 

3 comentários:

  1. ja vi varias resenhas sobre esse livro, e cada vez mais minha vontade de ler ele, diminui..

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  2. Gostei muito do livro, é verdade que Marion faltou falar um pouco mais do mundo como um todo, mas ei!, quer saber?!, melhor do que ficar enrolando!

    Não vi o filme, imagino que o nome tosco seja para dar uma diminuída no preconceito puxando mais para o lado cômico. Eu pelo menos fui muito preconceituosa quanto ao livro quando ouvi falar a primeira vez (tudo bem que me deram uma informação bem nada haver sobre ele, na época) e só decidi ler após ver o trailer que tinha aquelas pegadas de humor. Apesar do livro faltar um pouco nelas, e ter coisas toscas, gostei bastante, deu bastante para refletir.

    Té mais...
    http://bmelo42.blogspot.com.br/

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  3. Indicamos vocês para mais uma tag!!

    http://www.clubedas6.com.br/2013/08/tag-selinho-da-indicacao.html

    BEijoss

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