[ENGRENAGENS E MAIS ENGRENAGENS] ENTREVISTA COM BRUNO ACCIOLY, DO CONSELHO STEAMPUNK

Bruno Accioly é diretor da dotweb.com.br, editor do OutraCoisa.com.br, concebeu a iniciativa aoLimiar.com.bré co-fundador do Conselho SteamPunk e autor do universo Crônicas Póstumas



Bruno Accioly
Bruno Accioly ─ O Conselho SteamPunk é uma criação conjunta minha e do Raul Cândido Ruiz (de São Paulo) e exigiu a boa vontade e colaboração um um bom número de entusiastas quando de sua formação, mas tudo começou um ano antes, com o lançamento do site www.steampunk.com.br, quando eu e Cândido ainda não nos conhecíamos.
Raul Cândido Ruiz
Eventualmente, ele entrou em contato comigo aqui no Rio de Janeiro e, em 2008, resolvemos criar um grupo cujo modelo de funcionamento refletisse a forma como entendemos que seja a melhor possível para uma organização baseada em gênero.
Como pensamos de forma semelhante acerca de muitos assuntos a afinidade foi imediata e resolvemos criar um grupo que fosse absolutamente descentralizado, sem líderes e que pudesse crescer sozinho em qualquer parte do país sem, no entanto, se perder do ideal inicial e dos princípios que regem este formato.
O Conselho SteamPunk nasce, portanto, com uma grande vocação para a colaboração, gentileza e diversidade, garantindo a possibilidade de criação de uma nova "Loja" por estado e um novo núcleo de entusiastas por cidade de forma facilitada, garantindo o apoio de todo o resto da comunidade.
Entrando um pouco mais nos fundamentos que nos levaram a desenhar o Conselho SteamPunk da forma que o desenhamos: de diversas formas o Conselho SteamPunk é fruto do pensamento Zippie (Zen Inspired Peace Professionals), do conceito de Pronóia (a noção de que tudo conspira para que as coisas dêem certo) e a observação de sistemas naturais como colmeias.
Bruno Accioly ─ Essencialmente, uma organização baseada em gênero que cresce a partir de um formato como o que demos ao Conselho SteamPunk é uma função dos membros que dela participam. Se forem dez membros e seus talentos e vocações se distribuem entre consumidores, escritores, ilustradores e jogadores de RPG, este vai ser o tamanho do potencial cultural da organização.
Hoje contamos com mais de cem membros efetivos em quatorze estados e cerca de quatro mil entusiastas em todo o país. Ainda que mais de 90% dos entusiastas tenham por talento o consumo qualificado (ou não) de cultura SteamPunk, os 10% restantes são um contingente relevante de pessoas produzindo artefatos literários, quadrinhos, desenhos, modelos tridimensionais, SteamPlay, jogos de RPG, esculturas, música etc.
Com o poder de comunicação e divulgação oferecido pela tecnologia atual o que me parece é que podemos esperar alcançar uma massa crítica de produção e consumo que torne o subgênero mais conhecido e mais relevante do ponto de vista cultural.
Bruno Accioly ─ Foram cinco anos de entusiastas nos procurando para saber se havia "Loja" em seu estado para, em seguida, ser encarregado de arranjar um grupo de outros entusiastas e, a partir daí, fundar a presença do Conselho SteamPunk em seu estado.
Foi um trabalho paulatino que tem menos a ver com a tecnologia envolvida e com os fundadores originais e muito mais a ver com os fundamentos do modelo da organização e com o interesse real dos entusiastas que iam se tornando membros.
Qualquer pessoa pode se juntar à uma Loja presente em seu estado ou fundar uma nova Loja, caso seu estado ainda não possua uma, bastando para isso entrar em contato pelo email conselho@steampunk.com.br
Bruno Accioly ─ Sim. Guardando as devidas proporções, o SteamPunk é tão "modinha" quanto a Ficção Científica, que nasce no Século XIX e continua modinha até os dias de hoje.
A moda é um entusiasmo e o entusiasta pode perder o interesse pelo que tinha interesse. O SteamPunk é moda desde a criação de um nome para ele, na década de 1980, e continua moda até hoje. Enquanto houver entusiasta vai haver gente consumindo e produzindo SteamPunk.
Se por "modinha", contudo, se pensa em uma moda passageira, é preciso definir o que é passageiro, pois o SteamPunk ainda não passou e, muito embora tenha ficado relativamente dormente no início do Século XXI, parece ter voltado com toda a força.
Aconteceu o mesmo com Vampiros. Vampiros foram uma febre, depois deixaram de ser. Anne Rice e Mark Rain revitalizaram o gênero e, agora que há muito mais gente produzindo, há espaço até para o que é ruim e o que é péssimo.
O interesse por qualquer gênero e suas manifestações culturais na forma de livros, quadrinhos, filmes, animações e cosplay, têm essa característica sazonal e é muito normal que o interesse humano flutue entre todos os inúmeros gêneros que estão na prateleira.
No meu entender, contudo, mesmo que ninguém goste mais de SteamPunk, ou Star Wars, ou Star Trek ou Ficção Científica de um modo geral, o produto cultural do período em que isso povoou o interesse - ou a moda - continua intrinsecamente precioso. 
Bruno Accioly ─ Gostamos de acreditar que a produção deste tipo de material tem relação com o trabalho de divulgação do gênero desenvolvido ao longo dos últimos cinco anos e da percepção do mercado em cima do crescente interesse demonstrado pelos entusiastas e autores.
Há muitos contos e noveletas sendo produzidas, e seria ótimo se mais livros de autores brasileiros estivessem disponíveis, mas essas coisas são assim mesmo, e o gênero está ganhando momentum para, eventualmente, começarem a aparecer obras voltadas ao gênero.
Seja como for o, SteamPunk é usado já como tempero de muitas obras literárias e cinematográficas sem estigmatizar a obra como fazendo parte de um gênero específico, o que também é muito saudável.
Bruno Accioly ─ O Conselho SteamPunk não cria novas Lojas, na verdade. São os entusiastas que entram em contato, a partir de seus estados, para fundar uma Loja SteamPunk em seu estado e receber os benefícios que o Conselho oferece para divulgação e comunicação com a comunidade.
Da mesma forma, os eventos não têm sua organização centralizada e cada Loja tem total autonomia para criar suas agendas de eventos.
Este ano, parece que duas novas Lojas vão se formar, mas vale aguardar para ver.
A revista Vapor Marginal - www.vapormarginal.com.br - que era para ter sido lançada em Janeiro, acabou atrasando e sairá do meio para o final do ano, o que é uma conquista importante.
O SteamCast - www.steamcast.com.br - está sendo virado do avesso para chegar em um formato menos robusto e mais dinâmico.
A novidade maior é a tentativa, ainda este ano, de criação de uma ferramenta que garanta à comunidade SteamPunk internacional fundar Consulados SteamPunk em seus países, oferecendo para turistas e pesquisadores, detalhes sobre o período do Século XIX em suas regiões. Com sorte, isto permitirá a troca de informações em formato texto, gráfico, fotográfico, áudio e vídeo, que permitam uma melhor compreensão do período Histórico por detrás das obras Ficcionais que poderiam ser desenvolvidas em cima deste conhecimento.
Bruno Accioly ─  
Da forma que fizemos até o momento: promovendo, inspirando e produzindo cultura SteamPunk ao mesmo tempo que oferecendo veículos e ferramentas de divulgação e comunicação que ajudem o entusiasta na busca de suas paixões.
Uma ambição fundamental do Conselho SteamPunk é, enfim, expor nossa história recente e nossa identidade cultural para fora do Brasil ao mesmo tempo fazendo um intercâmbio com outras culturas e trazendo toda a comunidade SteamPunk mais para perto de nós.

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